A mãe do farmacêutico -1956


Pouco antes de seguir viagem, quando sua cabeça branquinha ainda permitia as histórias do passado de maneira muito bem organizadas, mamãe me contava um momento que contracenei com o Seu Toninho.

O caminho que nos levava da saída do Educandário até a linha do trem tinha uns trezentos metros. Naquela primeira parte do trajeto ficavam os marcos de nossa principal rua daqueles tempos..

Após vencer algumas casas, a primeira referência era a farmácia. O cheiro que se sentia ao passar por alí ainda persiste: alguma coisa entre água oxigenada e mercúrio.

E alí, eternamente atrás do balcão, o Seu Toninho… opa… é injustiça, dizer que Seu Toninho jamais saira dalí.

De vez em quando ele saia sim !

Contava minha mãe que, em uma ocasião, lá pelos meus três anos de idade, Seu Toninho estranhamente apareceu no portão de minha casa. Estava com aquele seu uniforme branco e uma caixinha metálica nas mãos.

O faro do menino não tardou a se manifestar.

Saí correndo para o lugar mais seguro da casa: embaixo da cama de meus país.

Mamãe contava esta história com aquele jeito que só mãe orgulhosa, para depois concluir com sua risada brejeira:

– Tivemos que puxar você de baixo da cama pra tomar a injeção, mas não sem antes você ter “enaltecido” a Sra. mãe do farmacêutico em alto e bom som.

* evidentemente a frase "enaltecido a Sra. mãe do farmacêutico" foi contada por minha mãe do jeito que aconteceu....

aldo della monica

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1 Comentários

Leninha Lins disse…
Que rico!